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Documentário

Os Respigadores e a Respigadora (1999) - Agnès Varda

Sinopse

Os Respigadores e a Respigadora

De: Agnès Varda

Com: Agnès Varda, Bodan Litnanski, François Wertheimer

Género: Documentário:  FRA, 1999, Cores, 82 min.

Com o título original “Les Glaneurs et la Glaneuse”, e a partir de uma sucessão de quadros de Millet, Breton, Hédouin que imortalizaram através da pintura a “respiga”, Agnès Varda, uma das realizadoras da "Nouvelle Vague" francesa, leva-nos através do seu olhar político e social a conhecer os respigadores da sociedade contemporânea, os que rebuscam nas sobras dos mercados, os que procuram restos nos caixotes do lixo para comer, aqueles que estão do lado de fora da “normalidade” aceite.  Em planos flexíveis “escritos” pela máquina digital, Varda, também ela uma respigadora, procura depoimentos, imagens e sentimentos que não nos deixam indiferentes.

Crítica    

       Voz importante do moderno cinema francês, é como documentarista que Agnès Varda se assume enquanto poeta cinematográfica atenta às questões sociais. É nesta linha que se encontram Os Respigadores que são, atentamente, “respigados” através das imagens da cineasta Respigadora , igualmente numa “rebusca” de si própria, atenta aos efeitos do passar do tempo que também se reflectem, cruéis, no seu corpo – a imagem das suas mãos enrugadas e manchadas perpassa essa ideia ao longo do documentário, imagem como a própria Agnés se revê.

            Respigar significa apanhar os restos após a colheita de cultivo. As novas tecnologias criaram máquinas que, de forma insensível, têm vindo a pôr um fim a um hábito cultural generalizado. Contudo, os respigadores não desapareceram,eles constituem uma realidade social, no campo e na cidade, seja a necessidade, o prazer, uma gestão económica, o hábito cultural ou uma preocupação ética que os move – é imoral o desperdício de alimentos excedentes da produção, e é esta consciência social, representante das minorias, que leva Agnès a registar com a sua câmara digital, um mundo desconhecido de muitos e fonte de sobrevivência de muitos outros.

            Definido pela autora como um “roaddocumentary”, é a estrada o fio condutor da viagem que  pretende mostrar, é a estrada que leva o espectador de aldeia em aldeia, de cidade em cidade, apresentando respigadores e rebuscadores dos mais variados géneros, revelando realidades e situações, por vezes, dramáticas de encarar em termos de disparidade social. As suas entrevistas não são encenadas, são o preto no branco, são a mais nobre e franca maneira de não iludir o espectador.

            Respigadores e Respigadora pretende desmistificar a linguagem cinematográfica tradicional, é tão-somente a enorme vontade da autora de observar a assimetria do mundo em que vive e a sua enorme vontade de intervir.

             Agnès Varda, uma das precursoras da Nouvelle Vague  afasta-se das rígidas convenções do cinema clássico, inserindo novas formas de pensar e dirigir a câmara face às possibilidades da tecnologia vídeo. Como refere Cláudia Almeida no seu site Arte Projetada, sobre o trabalho de Varda, “a caméra-stylo reclamava uma nova liberdade na criação cinematográfica que se assemelhasse à liberdade de expressão do escritor e daí a invocação da câmara como caneta. A adoção desta estética de cariz experimental, levou à necessidade da realizadora criar uma produtora  (Ciné-Tamaris) que lhe assegurasse  a possibilidade de produzir e realizar filmes que se mantém à margem das diretrizes convencionais e comerciais da indústria cultural”.

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